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quinta-feira, 24 de março de 2016

MEUS MEDOS

Ernani Mazza é professor de letras e literatura, poeta e escritor.
O que mais me intrigava na infância era saber de onde vinha tanto medo. Tinha medo de tudo, quase: sombras das folhas que se mexiam ao vento e mexiam com minha imaginação que via monstros, via bruxas, via fadas, via até saci e mulas sem cabeça.
Mas foi o medo que me fez viajar na imaginação.Aos poucos fui descobrindo que sem ele, eu não tinha desafios, eu não aprendia a me defender, a fugir, até mesmo de mim.
E era nestas fugas que eu criava histórias, muitas fantásticas onde fazia de mim um herói e, por vezes um super herói. Até que fiz minha própria história sendo, eu o herói de mim mesmo.
Herói, escolhi ser sendo professor. Me senti o super herói nos palcos que os eram para mim as salas de aula. Fiz das salas meu enorme universo onde sempre, me dividindo em porções mágicas e muito iguais, me dava a cada um dos alunos nos pedacinhos esforçados e repletos de carinho como alimento para aquelas alminhas em formação, em ebulição.
Tão iguais; tão diferentes; tão paradoxais.
Não pensem que perdi meus medos com o chegar da idade!
Não. Eles deram lugar a novos medos.
Não pensem também que entrava seguro em todas as aulas que dei pela vida! 
Não, em todas entrei com um enorme medo de que não desse certo, de que não correspondesse à expectativa daqueles corações ávidos de saber e de mim, daqueles olhinhos em duplicidade a me dissecarem, todo o tempo das aulas. 
Cada aluno era o dobro de si mesmo.
O medo desaparecia quando o sinal batia para terminarmos aquele momento de amor. 
Descansava do medo por alguns minutos e o encontrava no caminho para a próxima sala.
AH! Sempre o recomeço!
Dos medos novos, não gosto muito de falar ainda. São novos, tenho medo das novidades.
Tenho medo de escrever e não ser lido, pintar e não ser visto, fazer e não ser criticado, amar e não ser amado.
Gostar dos amigos e não ter retribuição.
Sim agradeço ao meus medos tudo que faço, refaço, invento, reinvento, crio, recrio, atropelo, sou atropelado. Sonhos,, pesadelos. 
Solidão, grande medo.
Luto contra e junto, com meus medos sem desprezar nenhum deles.
Obstáculos necessários às vitórias por menores que sejam.
Medo é medo. 
Defina para mim quem tiver um medo maior que os meus. 
Gosto de conhecer medos novos.

Ernani De Melo Mazza 24/03/2016 Copacabana/RJ

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