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As candidaturas disponibilizadas para o segundo turno |
Por Peterson Leal Pacheco.
Tenho observado o legítimo "espírito de mudança" que toma conta dos eleitores de Volta Redonda. Não apenas lá, em toda parte. Mas, no caso concreto de Volta Redonda unem-se o cansaço de tantos anos de um mesmo grupo político no poder e a generalizada sensação de fracasso da política como instrumento mediador das soluções tão urgentes nos serviços públicos da cidade.
Em meio aos sentimentos mais legítimos de frustração, cansaço, desencanto, revolta, indignação temo que os eleitores da "cidade do aço" estejam submetidos ao risco de avaliarem com menos cuidado o que se lhes apresenta o dramático jogo eleitoral.
Dicotomizados entre "o velho" e o "o novo"; "a mudança" e "a mesmice"; "o avanço" e "o atraso", talvez os amigos e amigas não estejam considerando que diante de si existem na verdade opções com altíssimo grau de complexidade.
As candidaturas disponibilizadas para o segundo turno apresentam, cada uma, boa dose do que há de mais contemporâneo, como igualmente, boa dose do que há de mais repetitivo nos grupos políticos que militam na cidade. E, percebam, tanto o contemporâneo quanto o repetido tem aspectos muito bons e aspectos terríveis.
É contemporâneo que grupos políticos neguem a política, relativizem a democracia e operem na violência patrocinada pelo ódio e pelas leituras rasas das angústias vivenciadas na economia e na administração pública. É repetitivo que as sombras lancem obscuridade em relação ao financiamento desses grupos políticos e que figuras da velha elite se escondam ou neguem sua brutal influência (para não dizer manipulação) das jovens lideranças que aparecem na cena pública.
É contemporâneo que os grupos se renovem e mudem concepções antigas, que se arraigaram em suas imagens, mas que podem ser transformadas graças à maturidade; graças à experiência e apropriação de novas preocupações, novas demandas; graças à participação de novos grupos sociais e novas perspectivas de políticas públicas. É repetitivo que grupos políticos se articulem, dialoguem com movimentos sociais e coletivos de defesa de direitos difusos.
Em jogo não está o curso inexorável da cidade. Mas, os próximos anos e a capacidade de Volta Redonda retomar um caminho de desenvolvimento e de implementação de políticas públicas que cumpram o papel de melhorar a vida das pessoas e das organizações.
Fico na torcida para que amigo e amiga consiga ter calma. Espero que as certezas deixem espaço para as vitais dúvidas que animam a desconfiança, a necessidade de reflexão e a pesquisa. Espero que a cidade, de fortíssima matriz política, não enverede para a frágil condição de negadora do debate político e a difícil cena pública em que a verdade é propriedade de uns poucos e a voz dissonante se transforme em ruído e incômodo.
Uma cidade mitiga seus problemas e encaminha políticas públicas importantes sob o contexto do diálogo. Não há heróis, como também não existem vilões na atual cena eleitoral. Faço votos para que as pessoas da cidade inteira se esforcem num duplo movimento: i)perceber o que há de contemporâneo e de repetitivo em cada candidatura; ii)exerça o legítimo direito de forçar para que cada candidatura se desnude ao eleitorado, abandonando o palavreado verborrágico, se apresente tal como é e, muito importante, apresente soluções minuciosas e objetivas de implementação de políticas públicas que sejam capazes de mitigar nossos atrasos; empoderar a cidadania e oxigenar as organizações (estado e empresas).
Peterson é Sociologo e Professor Universitário
https://www.facebook.com/peterson.lealpacheco/posts/1484517434908572
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